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Bez Batti
Vasco Prado
Carlos Scliar
Bez Batti
 ARTES PLÁSTICAS 

Gerd Bornheim era um frequentador de exposições e um admirador das artes plásticas. A observação da plasticidade de pinturas, esculturas, desenhos era para ele um aprendizado do olhar. Nesse sentido, investia num olhar desconstrutor que procurava entender o funcionamento da linguagem revelada na obra. Daí a importância simbólica e cultural da interpretação das imagens. Ele dizia que o olhar da crítica movimenta-se ao sabor da obra, investigando, por exemplo, o que “acontece a partir do toque de um pincel, do balbucio de um som, na afinada ponta de um lápis escrevinhador” (BORNHEIM, 2000, p. 43). Para ele toda a atmosfera da criação artística deve ser considerada. Tal aproximação entende a produção das expressões culturais como uma “instância formadora de mundos” (BORNHEIM, 2000, p. 43).

E se Bornheim era um admirador de Cézanne e de Picasso, como nos mostra o trabalho de Bianca Ladislau à luz da fenomenologia de Merleau-Ponty, sua familiaridade com esse campo se nutria também de suas amizades com artistas como Vasco Prado, Bez Batti, Iberê Camargo, Carlos Scliar, Carlos Moura, Glenio Bianchetti entre outros. A interpretação das artes visuais e plásticas tem gerado um interesse particular aos integrantes do grupo Crítica e experiência estética, visto que muitos são provenientes de cursos de bacharelado e licenciatura nessas áreas.

Foi o caso de Vinicius Fernandes e Diego Souza que estudaram respectivamente a obra de Iberê Camargo e Vasco Prado, mas também das incursões de Thays Alves pela estética pungente da Arte Bruta e da sensibilidade de Maria Marta Tomé ao revisitar a estética de Krajcberg. O desvelamento da plasticidade da imagem também está presente nos trabalhos de Ignez Capovilla e na proposta de fotobiografia de Bornheim, organizada por Erika Mariano. Aparece ainda nas leituras sobre a experiência estética rilkiana das obras de Van Gogh, Cézanne e Rodin feitas por Marina Aragão e no advento pictural da imagem de Bressane, analisado por Lays Gaudio. E é também nessas movimentações e interartes que caminham os trabalhos de Roney Ribeiro e de Aline Prúcoli. Percebe-se aí a influência das artes plásticas no cinema e na literatura.

Os leitores poderão percorrer esse modo peculiar de leitura de Bornheim no ensaio em que ele analisa a obra de Bianchetti. Esse modo de escrita e interpretação tem influenciado nosso grupo de pesquisa de forma significativa.   

 

 

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Obra de Vasco Prado. Acervo pessoal da família Bornheim. 

        TRAÇO, FORMA E DIMENSÃO

        NA OBRA DE VASCO PRADO

Gaspar Paz e Diego de Souza

RESUMO: O objetivo desse estudo é a compreensão do traço livre, da forma e da dimensão na obra de Vasco Prado (1914-1998). Tais aspectos serão analisados a partir da contextualização histórica dos trabalhos desse importante artista brasileiro, na qual destacaremos as influências e as tendências estéticas motivadoras de sua produção. Nesse sentido, pretende-se visualizar a confluência de duas vertentes: a consciência social do artista e sua pesquisa formal. Esses recursos criativos incitam o estudo da “medida” e da “densidade” nas múltiplas leituras e questões da arte contemporânea. Dessa forma, utilizaremos como enfoque teórico as interpretações estéticas de Gerd Bornheim sobre a obra de Vasco Prado e as suas possíveis relações com a noção de “escala” e de “escultura no campo ampliado”.

PAZ, Gaspar & SOUZA, Diego. "Traço, forma e dimensão na obra de Vasco Prado". Cartema - Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais UFPE/UFPB, v. 5, p. 115-122, 2016.

"Vasco Prado é indubitavelmente um artista de nosso tempo".

Gerd Bornheim

A PINTURA QUE É PINTURA

Gerd Bornheim

Há na obra de Bianchetti, entretanto, uma acentuada presença da ironia. A escassa estaticidade do corpo apenas esconde algo como a impossibilidade de si mesmo; a súmula do movimento esvai-se numa transitoriedade fixa e inócua, e tudo se compraz, por exemplo, na pose estereotipada do inseto – mas mesmo Kafka é distanciado pela ironia. Há em Glenio um pensador para a caricatura, para um senso de humor que transfigura o humano no esvaziamento de si mesmo. Já na natureza morta tudo se passa como se o elemento artificial viesse antes do natural. E isso se agrava ainda mais no plano da figura humana – uma figura, diga-se, dotada de um senso de humor que já não ri de si mesma.

 

 

BORNHEIM, Gerd. "A pintura que é pintura".  Texto de apresentação para o catálogo da exposição Glenio Bianchetti 50 anos de arte realizada em agosto de 1999 no Palácio do Itamaraty em Brasília.

Glênio Bianchetti
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