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 GERD ALBERTO BORNHEIM 

Foi um dos expoentes da filosofia e da crítica artística no Brasil. Dedicou-se ao ensino e à pesquisa universitária, atuando como professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Possui uma vasta e importante produção ensaística. Nasceu na cidade de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, no dia 19 de novembro de 1929.

 

É entre Caxias (situada na Serra gaúcha) e a cidade de Porto alegre, que ele percorre seus referenciais imediatos, emergindo pouco a pouco como um dos principais expoentes das problematizações culturais e da filosofia no Brasil, principalmente a partir de uma visão crítica da estética e filosofia da arte.

 

Ele inicia sua formação filosófica no Rio Grande do Sul prosseguindo-a depois na França, Alemanha e Inglaterra. No Brasil, se insere num viés que vem moldando o diálogo com variadas manifestações culturais e artísticas. É a partir daí que são dados os primeiros passos, e Gerd Bornheim empenha-se em uma crítica contestadora das mazelas da sociedade brasileira e de seu próprio domínio de trabalho: o ensino e a prática da filosofia.

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FRANÇA, INGLATERRA E ALEMANHA

Ainda na fase de formação, é importante ressaltar que já aos 24 anos de idade (por volta de 1953), Gerd Bornheim viaja a Paris para estudar na Sorbonne como bolsista do governo francês. Essa etapa foi importantíssima em seu processo de descoberta do pensamento contemporâneo. Época privilegiada, na qual manteve contato com um interessante círculo cultural e intelectual. Em estágio doutoral na Sorbonne, durante o período de março a novembro de 2009 e, posteriormente, em estágio de Pós-doutorado em 2012, visualizamos diversos aspectos desse itinerário e constatamos como ainda reverbera o ideário que influenciou nosso filósofo.

Todavia, as incursões de Gerd Bornheim não param por aí. De Paris ele posteriormente viaja por uma temporada, para fazer um curso de quatro meses em Oxford, à qual se segue uma estada de oito meses na Alemanha. A intenção de Bornheim nessa época era aproveitar ao máximo e da forma mais livre possível todas as oportunidades daquela atmosfera, sem se preocupar com compromissos estritamente acadêmicos. Sua política era assistir aos cursos importantes e também frequentar atividades culturais como teatro, concertos, exposições etc. Sem dúvida, o contato com o pensamento europeu contemporâneo propiciou uma grande abertura em suas interpretações. Principalmente nessa ambiência balizada pelas expressões artísticas e as discussões intercorrentes em diversos meios das ciências humanas.

Na França, momento especial desse percurso, Bornheim acompanhou cursos de Merleau-Ponty, Gaston Bachelard, Jean Hyppolite, Jean Wahl, Martial Guéroult, Jean Piaget, Lacan, Vladimir Jankélévitch, Étienne Souriau, Daniel Lagache, Ferdinand Alquié, Georges Gurvitch e foi também interlocutor, entre outros, do filósofo e dramaturgo Gabriel Marcel e do engenheiro e compositor Pierre Schaeffer. O estímulo dessa atmosfera, marcada pelo diálogo entre filosofia, ciências sociais, psicologia, psicanálise, história, antropologia, linguística, comunicação, teatro e música, foi decisório para Bornheim. É dessa forma que suas interpretações contribuem para a formação de novos olhares sobre as esferas estéticas e culturais.

Sua segunda permanência em Paris se deu após sua cassação, em 1969, como professor de filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, impedido pelo regime militar de lecionar no Brasil. No conturbado ambiente político desse período, Bornheim foi repetidas vezes submetido a interrogatórios. Por isso, ele se decide por um exílio voluntário na Europa. Já nessa época, Gerd Bornheim visualiza a mudança de ambiência na França, pois a efervescência dos anos 1950 estava arrefecida e, segundo ele, a Sorbonne tornou-se de certa maneira apática. Para Bornheim, não havia no pós-modernismo alguém como Sartre e Merleau-Ponty. Para ele “ambos tinham um nível de produção, de energia e de pensamento extraordinário” [1]. É claro que na observância e consumação da construção filosófica desse período temos que considerar a riqueza da reorientação em curso até os nossos dias.

Bornheim relatou ainda em Conversas com filósofos brasileiros suas incursões pela Inglaterra para realizar estudos sobre literatura e política. Nesse sentido, valorizou a via da literatura adotada pelos ingleses como estratégia para pensar a política. Na Alemanha, suas passagens por Frankfurt (onde trabalhou como professor durante um curto período) e Berlim (cidade onde nos últimos anos ele vislumbrava interessantes acontecimentos culturais), estimularam também o seu interesse pela filosofia praticada naquele país. Esta será uma presença constante e crítica nos trabalhos do autor. É por tal via inclusive que podemos flagrar os começos de sua produção bibliográfica.

[1]Bornheim, Gerd. “Entrevista”. In Conversa com filósofos brasileiros. Org. Marcos Nobre e José Marcio Rego. São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 60.

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