TEATRO
A cena teatral foi para Gerd Bornheim um dos espaços mais férteis para reflexões e ações sociopolíticas. Foram mais de quatro décadas dialogando com a atualidade das práticas culturais e teatrais. Foi nessa linha que despontaram as publicações de O sentido e a máscara, São Paulo: Perspectiva, 1992 (terceira edição); Teatro: a cena dividida, Porto Alegre: L&PM, 1983; Brecht: a estética do teatro, Rio de Janeiro: Graal, 1992 e Páginas de filosofia da arte, Rio de Janeiro: UAPÊ, 1998 (cuja segunda parte é inteiramente dedicada ao teatro). O interesse pelo teatro se intensificou através de seu diálogo com Ruggero Jacobbi. Essa interlocução teve um peso significativo para que Bornheim acessasse os novos desígnios da crítica contemporânea, tarefa enfrentada por ele não raro em seus estudos sobre as práticas culturais (como no ensaio “O bom selvagem como philosophe e a invenção do mundo sensível”[1]) e em suas impressões sobre Brecht e Beckett. O interessante é que esses autores são frequentados justamente a partir de uma verve dialética, visto que Bornheim projeta neles um diálogo, fazendo-nos visualizar todo um mosaico de transformações sociopolíticas no seio das artes cênicas. Por essa razão, em seu projeto de iniciação científica sobre a linguagem em Gerd Bornheim, Pietra Araújo toma o corpus beckettiano como uma experiência disruptiva e radical com a linguagem. E é sobretudo nesse ponto (o da linguagem) que o teatro será um campo vigoroso para as interpretações de Bornheim. No que concerne ao teatro vale sublinhar ainda as relações de Bornheim com Walmor Chagas, Luiz Carlos Maciel, Zé Celso Martinez Corrêa, entre outros.
[1] Ver Temas de filosofia. Organização Gaspar Paz. São Paulo: Edusp, 2015.
Fragmento de texto original de Gerd Bornheim sobre Brecht e a questão da ópera. Uma versão modificada desse ensaio foi publicada no livro Páginas de filosofia da arte. Rio de Janeiro: Uapê, 1998.
Esse fragmento mostra o alcance político do gesto teatral na obra de Gerd Bornheim.